O que eu gostaria de contemplar da minha janela

Eu acordo com um som abrupto. Os meus olhos abrem-se e o som torna-se instantaneamente melódico. O barulho estridente é, agora, a minha música favorita, hipnotizando-me como um convite para me levantar que não consigo recusar. A música guia-me até a uma pequena janela pintada com cores vibrantes e adornada com enfeites que se encontravam no meu pequeno pinheiro, no último Natal.

A música para e a janela permite-me olhar para dentro, para as suas cortinas laranja, finalmente, deslizando em lados opostos. O que capta a minha atenção é a diversidade de seres vivos que me cumprimentam, as plantas que dançam com o vento, animais que se alimentam, alguns abanando as caudas e os humanos… Eu reconheço algumas faces, outras nunca vi. O que me surpreende é o quão normal todas as pessoas parecem, em comparação com os outros seres vivos. Reflito por um momento… Chego à conclusão de que a diferença entre o mundo real e o ideal não tem que ver com os seres humanos em si, mas com os efeitos das respetivas ações nos inocentes seres vivos.

A janela fecha-se passados alguns minutos. Surpreende-me a breve viagem e a rapidez da expulsão. Mais tarde, percebo que o tempo foi suficiente para aprender a minha lição. Nós, humanos, todos temos a capacidade de, neste momento, mudar o mundo e tudo o que temos de fazer é mudar a nossa atitude. Nunca percebi se isto foi um sonho ou não, mas, com os anos, aceitei que esta viagem, real ou surreal, muda a minha vida, a minha perceção do mundo.

Leonor Henriques, 8.º C